Um estudo inédito realizado por um pesquisador de Mato Grosso encontrou a solução para a emissão de gás carbônico (CO2) liberado na produção de cimento e tem chamado a atenção de instituições internacionais. A pesquisa foi desenvolvida pelo professor de Engenharia Civil da Universidade Federal de Mato Grosso, doutor em Ciências Alex Neves Júnior, e venceu o Prêmio Vale-Capes de Ciências e Sustentabilidade, na área temática “Redução de Gases do Efeito Estufa”, com o título “Captura de CO2 em Materiais Cimentícios através da Carbonatação Acelerada”.
O prêmio se refere às teses e dissertações defendidas no Brasil em 2014 e foi criado a partir de uma parceria entre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e a Companhia Vale do Rio Doce, firmada durante a conferência Rio +20. De acordo com Neves Júnior, em todo mundo, estima-se que a indústria cimenteira seja responsável entre 5 e 7% do total de emissões de CO2, oriunda da queima de calcário e argila, essenciais para a produção do cimento.
Segundo o professor, a ideia inicial da tese partiu de uma experiência durante o doutoramento do professor e orientador dele, Romildo Dias Toledo Filho. “O foco era investigar as melhores condições para se maximizar a captura de CO2 em matrizes cimentícias, bem como a quantificação de CO2 absorvido pelo material por análise térmica. Baseado nestes objetivos, a pesquisa teve início em fevereiro de 2010, com a análise térmica de pastas com diferentes relações água/cimento para se estudar a pasta com a melhor condição para a posterior promoção da captura de CO2 em materiais de construção mais complexos”, conta o doutor.
A tese foi escrita na forma de oito artigos científicos internacionais, sendo quatro publicados antes da defesa e outros quatro que estão prontos para publicação. Os resultados já foram publicados em congressos internacionais em países como Portugal, Grécia, Japão, Finlândia e Estados Unidos, nos anos de 2011, 2012, 2013, 2014 e 2015. A defesa da tese ocorreu em fevereiro de 2014.
“Na prática, o tratamento de materiais de construção à base de cimento oferece várias vantagens ao produto final, como permitir a qualificação do material como de baixo impacto ambiental, com reduzido consumo energético; melhoria das propriedades mecânicas; aceleração do processo de endurecimento destes materiais, por exemplo”, afirma o doutor.
Com o prêmio, que será entregue ainda este mês durante uma cerimônia em Brasília, Neves Júnior receberá certificado, troféu e bolsa para pós-doutorado com duração de até três anos em instituição nacional. Desse período um ano pode ser destinado para estágio em instituições estrangeiras.
“Recebi convite para estudos em instituições dos Estados Unidos, Bélgica, Canadá e Emirados Árabes. Estamos analisando a proposta que melhor se enquadra em nosso projeto, pois o objetivo é aplicar o conhecimento para o desenvolvimento tecnológico de Mato Grosso”, afirma o professor.
Em agosto, Neves Júnior vai apresentar o trabalho em um congresso internacional em Londres, como orador convidado. A pesquisa foi orientada pelo professor Romildo Dias Toledo Filho e co-orientação de Jo Dweck e Eduardo de Moraes Rego Fairbairn, do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ).
Fonte: FolhaMax